Eduardo Castilla
O imprevisto emergiu com força: em milhares de braços erguidos ao céu votando ocupações ou vigílias nas faculdades. Milei pagou caro por sua vitória parlamentar. Despertou a rebeldia estudantil; força espontânea que as burocracias de todas as cores políticas se esforçam em sufocar. Com a cúmplice e aleivosa colaboração da casta política, o presidente parece abrir a porta para uma nova temporalidade política: tempos de crise no topo; tempos de rebeldia ativa embaixo.
Um novo momento de resistência?
O movimento estudantil emergiu potente e combativo. Com desigualdades, manifestou-se por todo o país. Na noite de quinta-feira, horas antes do feriado, a maré atingia mais de 40 universidades nacionais. Contava com dezenas de faculdades ocupadas; deliberava democraticamente em centenas de assembleias; apelava para bloqueios de ruas, buzinaços e outras formas de protesto. O fim de semana prolongado, longe de esfriar os ânimos, anuncia novas e maiores ações.
Nesses primeiros dias, um setor das autoridades apoia os protestos. A burocracia acadêmica, que unifica radicais, peronistas e outras forças políticas, aposta em usar essa força como parte de uma estratégia de pressão parlamentar, concentrada na negociação do Orçamento de 2025. De certa forma, repetem a orientação que impulsionaram após a massiva marcha de 23 de abril.
Na gênese da rebeldia estudantil, operou uma decepção: o Congresso foi, mais uma vez, uma cova de ratos. Salvando politicamente Milei, os roedores destroçaram uma lei que freava o colapso orçamentário que permeia universidades e salários de docentes e não docentes. Ao fazer isso, despertaram uma conclusão provisória: a solução para os problemas está na ação direta, não nas instituições parlamentares. Lênin escreveu há muito tempo que o espontâneo é o embrião do consciente 1. Que nova consciência pode nascer dessa rebeldia espontânea?
Milei operou para construir sua própria crise. Na Argentina, há 62 universidades e institutos universitários estatais, com mais de 2 milhões de estudantes matriculados 2. Trabalham, também, cerca de 190.000 docentes e 50.000 não docentes. Traduzida em termos populacionais, essa massa humana equivale a uma província como Mendoza, a quinta maior do país. Além disso, o sistema universitário atinge cantos de todo o território nacional, federalizando e estendendo geograficamente a reivindicação.
Há pouco mais de um século, León Trótski definiu que “no corpo estudantil se refletem, como em uma caixa de ressonância, em grande escala, os interesses e aspirações sociais gerais das classes das quais são recrutados”. Na Argentina da desigualdade, da incerteza econômica e da crise, a universidade pública de massa se apresenta aos olhos de milhões como um mecanismo igualitário; como uma forma limitada de ascensão social. Isso se reflete nos números. Um relatório recente aponta que
Quase 48% dos novos matriculados em universidades e institutos universitários nacionais e provinciais da Argentina em 2022 (último dado disponível) são a primeira geração de universitários em suas famílias, número que aumenta para 62,3% quando se consideram apenas os estudantes que responderam sobre a escolaridade de seus pais.
Nas instituições do conurbano de Buenos Aires, esse número é ainda maior. Na Universidade Arturo Jauretche (Florencio Varela), o percentual sobe para 75,53%; na Universidade José C. Paz, para 75,42%; na Universidade do Oeste (Merlo), para 74,73%; e na Universidade Nacional de Lanús, para 70,71%.
Para milhões de famílias de classe média e trabalhadora, o ataque de Milei representa um obstáculo às suas – cada vez mais limitadas – aspirações de ascensão social 3. Constitui um ataque ao direito de ter um futuro.
Na maré estudantil em movimento, ressoam os ecos de um mal-estar social profundo e crescente. A economia mileísta atravessa um festival financeiro que não corresponde a uma melhora nas condições de vida das maiorias populares. Os números confirmam o contrário: o consumo continua despencando, enquanto o desemprego cresce. Os dados sobre a pobreza – divulgados há poucas semanas – são o testemunho dramático do colapso nacional.
Esse mal-estar transcende a raiva impotente; começa a se manifestar em protestos sociais. Um novo clima político habita o país há semanas. Sua abertura contou com o protagonismo de aposentados e aposentadas, que desafiaram corajosamente o protocolo repressivo de Bullrich para protestar contra seus rendimentos miseráveis. Essa combatividade parece contagiante, estendendo-se hoje ao movimento estudantil.
No entanto, não é sua única expressão. As ocupações de faculdades ocorreram horas após outra batalha central. Com o apoio massivo de pacientes e outros setores da saúde, trabalhadoras e trabalhadores do Hospital de Saúde Mental Laura Bonaparte impediram a tentativa de fechamento pelo governo. Eles conseguiram isso ocupando as instalações do hospital e tomando as ruas; funcionando com base em assembleias como método de decisão; superando as divisões impostas pelas lideranças burocráticas da ATE e da UPCN.
O setor da saúde marca sua presença. Ao mesmo tempo, desenvolve-se a dura luta no Hospital Garrahan. Em unidade com outros setores, enfrenta os ataques governamentais. Nesta semana, garantiu uma greve de 48 horas e participou de duas manifestações massivas, onde se uniram médicos residentes da CABA, PBA e Nação.
A resistência ao ajuste de Milei já havia tido episódios anteriores. Às duas grandes marchas universitárias, somaram-se duas greves nacionais. Houve também uma multiplicidade de conflitos por província e setor: fortes lutas de professores em Misiones, Neuquén, Córdoba e Santa Fe, entre outros distritos; e greves contundentes de aeronautas e trabalhadores do setor de óleo. Contribuíram também as manifestações convocadas por assembleias de bairros, o sindicalismo combativo, organizações sociais e a esquerda, enfrentando a repressão que acompanhou a aprovação da Lei de Bases. Essa resistência não se ampliou devido, principalmente, à responsabilidade das estruturas políticas, sindicais e sociais enquadradas no peronismo. Retornaremos a isso mais adiante.
Derrota na vitória
Porta-voz incansável de causas reacionárias, nesta quarta-feira Alejandro Finocchiaro afirmou: “Se votássemos contra o veto, o dólar e o risco país subiriam.” O ex-ministro de Macri ofereceu seu voto como garantia ao capital financeiro internacional. Na balança do PRO, o orçamento universitário está vários degraus abaixo dos interesses dos abutres que especulam com o carry trade facilitado pelo ministro Caputo.
Arrastando-se diante do governo, o PRO contribuiu para sustentar o veto. A UCR ofereceu os “radicais peluca”, apelido vergonhoso que ilustra a subordinação a Milei. Uma fração do PJ se juntou à vergonha: o peronismo tucumano reincidiu em delitos de lesa oficialismo. Houve outras colaborações notórias, como a de Fernanda Ávila, alinhada ao governador de Catamarca, Jalil. Ela simplesmente desapareceu da sessão.
O triunfo parlamentar de Milei foi novamente agonizante. Mais uma vez teve o caráter de “pírrico”. Como aconteceu com o veto ao modesto aumento das aposentadorias, o governo voltou a se descredibilizar ao se opor a uma causa popular.
O Poder Executivo reincidiu em um esquema: a negociação infinita no Congresso, destinada a bloquear a maioria parlamentar de dois terços. Em uma constante troca de favores, cada sessão se transforma em uma Black Wednesday, onde a compra e venda de votos se torna explícita. Como mencionou um jornalista do Clarín, o governo recorre a ferramentas típicas de tempos de exceção: um sistema que, alternando decretos e vetos, mostra-se profundamente instável e, em parte, condiciona o próprio governo. Dez meses após assumir, o homem que veio vociferando contra a casta governa com ela.
Neste caso, o governo deve agradecer a “herança recebida”. Foi sob o governo de Néstor Kirchner que foi sancionada a Lei 26.122, que torna mais fácil garantir um DNU (Decreto de Necessidade e Urgência) do que aprovar uma lei 4.
O governo enfrenta um problema adicional. Agoniado, ele observa a queda da imagem de Milei. Capital político essencial em uma gestão sem partido, sem poder territorial e com pouca representação parlamentar, sua erosão constitui um problema central. Nesta quinta-feira, perto do meio-dia, o presidente enfrentou o crescente repúdio social cara a cara. Ao visitar um estabelecimento comercial perto do Congresso, a rua se encheu de vaias, gritos e insultos contra ele 5.
Consciente dessas limitações, o governo foge para frente, mirando as eleições de 2025 e apostando no 30% do eleitorado que considera como seu. Faz algumas semanas, no Parque Lezama, Milei fez uma arenga destinada à sua própria fração. No entanto, pressionado a ampliar sua base política, tenta recriar a desgastada mecânica da “grieta” (racha). Sob esse discurso, busca manter o apoio daqueles que o elegeram no segundo turno.
A fraqueza do governo funciona como ponto de partida para as limitadas manobras que Macri tenta. O ex-presidente transita um equilíbrio instável: sustentar o governo e, ao mesmo tempo, sustentar seu próprio espaço. Nas tensas negociações que precederam o último veto presidencial, ele tensionou apenas para acabar cedendo.
A preocupação com a fragilidade política do governo atravessa as fronteiras de La Libertad Avanza. Na última quarta-feira, em tom de advertência, Miguel Ángel Pichetto afirmou: “O que acabaram de fazer é consolidar o partido da minoria, o partido do bloqueio. Nenhum investimento virá se ficar demonstrado que há fragilidade institucional.” O rionegrino fala olhando para o mundo financeiro, desejando uma estabilidade política que garanta os negócios do capital. Não surpreende; foi um dos garantidores da reacionária Lei de Bases.
Atravessando todas as coalizões políticas, por trás de manobras e artimanhas, estende-se uma persistente fragmentação política. Essa crise de representação é mais uma dimensão da profunda crise orgânica que atravessa o país há anos. Condensa a incapacidade estrutural da classe dominante de oferecer um futuro melhor para as maiorias trabalhadoras.
Endireitando (para a direita) o peronismo
Atrapalhado pelo recente fracasso governamental, o peronismo sofre as consequências dessa fragmentação política. Seu fundador dizia que liderar é lidar com a desordem. Entrando abruptamente na corrida pela presidência do PJ, Cristina Kirchner aposta em assumir esse papel de liderança. Na semana passada, além de se candidatar oficialmente ao cargo, expressou palavras duras contra o “transfuguismo político” de alguns de seus companheiros, após o apoio ao veto de Milei. A ex-presidente também atua sob outra premissa: a perseguição judicial contra ela ameaça se intensificar neste momento. A eventual presidência do partido ofereceria um maior nível de proteção.
Dissociando responsabilidades, CFK se desinteressa pelo presente real de seu partido. A gestão mileísta contou, quase desde o primeiro dia, com o apoio do peronismo tucumano, aquele que responde a Osvaldo Jaldo e Juan Manzur, ex-chefe de Gabinete na gestão frente todista. Essa fração chegou ao Congresso nas listas da União pela Pátria, acompanhando Sergio Massa. Nos meses seguintes, o peronismo forneceu outros numerosos apoios parlamentares à governabilidade do ajuste. No momento da aprovação da Lei Bases, as ajudas parciais foram numerosas, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado.
Em suas críticas, a ex-vice-presidente omite o elefante na sala. O ajuste de Milei tem um aliado essencial na CGT e nas lideranças sindicais burocráticas peronistas. Ali reside a garantia de uma limitada “paz social”, que se constrói à base de traições. Enquanto o núcleo cegetista aposta tudo nas negociações com o Governo – incluindo a reforma trabalhista -, outra fração tece um discurso opositor que não se coaduna com medidas de luta à altura do ataque. Nesse setor se destaca Pablo Moyano, o caminhoneiro que recentemente foi fotografado ao lado de Cristina.
Nesse esforço para conduzir a desordem, a ex-presidente também oferece uma variante programática destinada a negociar “consensos” com o espectro político. Direcionada, além disso, para aproximar posições com o grande empresariado, que ainda a observa com relativa desconfiança, apesar de tê-la “elevado ao auge” durante os anos kirchneristas.
Em sua carta de lançamento, publicada na segunda-feira passada, CFK afirmou:
“Devemos aceitar que nada está gravado em pedra e que tudo deve ser repensado e discutido. No documento de 6 de setembro, indicamos algumas questões: modificação das relações de trabalho e seu impacto, nova estatalidade para um novo Estado, reversão do déficit fiscal e como fazê-lo, revisão e reforma da educação pública, segurança, modificações na comunicação social, etc.”
Cristina Kirchner oferece seu próprio programa de ajuste. Após a nebulosa dos eufemismos, se distingue o mandato flexibilizador, que o grande capital reclama há muito tempo. Também, a limitação do direito à greve docente, algo que a ex-vice-presidente repetiu inúmeras vezes. Sua perspectiva geral não transcende um fato central: a economia nacional é controlada pelo FMI. Romper essa subordinação constitui um pré-requisito para uma saída da crise que não implique novos e maiores sofrimentos populares. O programa também evita enfrentar a profunda estrangeirização da economia e a extrema concentração do grande capital exportador; dois fatores determinantes da persistente escassez de dólares.
Em resumo, “endireitar o peronismo” é convertê-lo em um eventual veículo de um ajuste consensual com outras frações da política capitalista.
Duas perspectivas diante do declínio do Governo
A crise do oficialismo convoca a debater saídas. Estimula perguntas e respostas. A primeira interrogação: quando e como derrotar Milei? Políticos e analistas oferecem uma variante: construir uma grande coalizão que una o volátil espectro político opositor. Um antimileísmo eleitoral, capaz de reunir vontades peronistas, radicais e de outras tendências. De dúvida materialização, esse frente deveria amalgamar o sistema político estilhaçado, tentando recriar a “fenda” com outros atores.
À frente da oposição patronal, atravessando uma crise histórica, o peronismo transfere para o futuro a tarefa de enfrentar o Governo. Além de matizes e divergências, suas frações trabalham sob uma hipótese política comum: o desgaste de Milei abre caminho para o retorno eleitoral. Enquanto se entrega a uma dança obscena de provocações e acusações, permite o avanço de um ajuste feroz, que empurra milhões para a fome e a pobreza.
Sob essa orientação, restringe ao mínimo a ação de luta; milita ativamente pela passividade. Esse papel se evidencia na trégua permanente da CGT e da CTA. Também no protesto (mais que) moderado que exercem os setores sindicais discursivamente dissidentes. Se analisarmos o conflito estudantil em curso, isso se expressa nas tentativas diversas de frear ou limitar ações de luta como a ocupação de faculdades. Não deveria surpreender: há algumas semanas, Máximo Kirchner propôs “não se irritar” com os vetos de Milei.
Contendo o desdobramento do movimento, peronismo e radicalismo convergem em uma aposta política: transformar a luta estudantil em um instrumento de pressão para o debate orçamentário. Essa orientação convoca ao desgaste do movimento; empurra-o a um caminho de negociação impotente. Propõe recriar a confiança no mesmo Congresso que acabou de aprovar o veto. Implica, além disso, aceitar as condicionantes que o FMI e o grande capital financeiro internacional impõem na discussão do Orçamento 2025. Qualquer aumento das verbas educacionais dentro desse esquema implica transferir o saque. Direcioná-lo para a saúde pública, a educação ou as aposentadorias. Isso equivale a propor ao movimento estudantil que oponha corporativamente seus interesses aos das maiorias mais humildes.
A força das ocupações e a energia do movimento estudantil abrem uma perspectiva contrária; a de estender e desdobrar a autoorganização, impulsionando comissões por curso, corpos de delegados, assembleias por faculdade, interfaculdades ou interclaustros. Essa dinâmica – a que aposta a Juventude do PTS-FITU – permitiria enfrentar a inércia conservadora dos aparelhos burocráticos estudantis e sindicais. Facilitaria, ao mesmo tempo, preparar uma Terceira Marcha Nacional Educativa, que faça sentir a força de centenas de milhares nas ruas.
Isso implica lutar contra todo corporativismo estudantil. A profunda crise nacional exige retomar essa grande tradição da unidade operário-estudantil. Essa convergência já pode ser vislumbrada na luta atual. Por exemplo, nessa imensidão social que constitui o conurbano bonaerense. Ali a figura do estudante-trabalhador – ator emblemático do Cordobazo – volta a se fazer presente. Serve como exemplo essa intervenção muito boa de nosso companheiro Julio Tévez, trabalhador da Mondelez-Kraft e estudante de Direito na UNPaz.
O movimento estudantil pode contagiar a combatividade de outros setores sociais. Funcionar como exemplo para milhões de trabalhadores que sofrem a ofensiva patronal, enquanto padecem a imobilização das lideranças burocráticas. Pode estimular a resistência às demissões, aos ataques ao salário e às tentativas de precarização do trabalho.
O PTS-FITU aponta para o desdobramento dessa perspectiva. Sob essa orientação, tomou as ruas no dia 20 de dezembro, desafiando a repressão de Bullrich. Apostou no desenvolvimento das assembleias de bairro, impulsionando a luta contra a Lei Bases. Participou de cada luta da classe trabalhadora, propondo unidade e coordenação. Sob a lógica da Frente Única Operária, buscou articular os volumes de força necessários para tentar impor à burocracia sindical o fim de sua traiçoeira trégua. Essa orientação política também encontrou expressão no Congresso Nacional, onde as deputadas e deputados do Frente de Esquerda atuaram como a única oposição coerente. Sua tenacidade fez com que Martín Menem dissesse que “são 5, mas parecem 100”.
Nosso partido aposta estrategicamente no desenvolvimento da autoorganização em cada local de trabalho e em cada comunidade. Na convergência da classe trabalhadora, do movimento estudantil e do povo pobre em uma grande luta nacional contra o ajuste, no caminho da greve geral. Com essa ferramenta, desdobrando seu poder social e paralisando a atividade econômica, a classe trabalhadora pode impor uma derrota completa ao esquema de ajuste de Milei, do FMI e do grande poder econômico. Esse caminho só pode ser imposto de baixo para cima, enfrentando a inércia traidora das direções burocráticas.
Uma nova força política socialista e revolucionária da classe trabalhadora
Para essa luta estratégica, é essencial que a classe trabalhadora construa uma nova força política própria. Um grande partido que -desdobrando uma estratégia anticapitalista, revolucionária e socialista- supere os limites impostos pelo peronismo.
O PTS trabalha diariamente na construção desse partido. Entre outros meios, o faz impulsionando agrupações em todo o país. Hoje, no âmbito do processo estudantil, a Juventude do PTS intervém ativamente em 81 faculdades e 29 universidades nacionais. É preciso somar também centenas de jovens companheiros e companheiras que têm militância em escolas secundárias, cursos técnicos e outras instituições educacionais.
Nessa luta, ocupa um lugar destacado o Pan y Rosas, a agrupação de mulheres que impulsionam companheiras em todo o país. Elas acabaram de participar do 37º Encontro Plurinacional de Mulheres e da Diversidade Sexual, em Jujuy. O fizeram com uma importante delegação de centenas de jovens universitárias, trabalhadoras precarizadas, de assembleias dos bairros populares, aposentadas, trabalhadoras da saúde e da educação, entre outras.
A militância operária do PTS se estende praticamente por todo o país, com companheiros e companheiras dirigentes, delegados/as e referentes em petroleiros, mecânicos, motoristas, ferroviários, estaleiros, ceramistas, trabalhadores rurais, vitivinícolas, fabricantes de sabão, da alimentação, do metrô, citricultores, produtores de açúcar, entre outros. Essa militância operária vem travando importantes batalhas. Vamos citar apenas três, correspondentes ao último período. A primeira, na multinacional alimentícia Mondelez-Kraft, onde a Lista Bordô obteve 43% frente à oficialista Celeste e Branca (PCR), aliada à patronal e ao sindicato que conduz Rodolfo Daer. A segunda, no Estaleiro Rio Santiago, onde a lista Negra – integrada pela Marrón Classista – obteve 49% dos votos, em evidente rejeição à lista Branca oficialista, alinhada ao governo de Kicillof. A terceira, no Hospital Bonaparte, onde surgiu um ativismo amplo que se colocou à frente da permanência por quatro dias. Ali os militantes do PTS desempenharam um papel necessário para o desenvolvimento da luta e da autoorganização, enfrentando as manobras divisionistas das lideranças burocráticas.
Essa luta por um novo partido socialista da classe trabalhadora também se dá no terreno ideológico. Junto ao enorme trabalho da Ediciones IPS, está a produção intelectual que semanalmente pode ser lida e vista em Ideas de Izquierda e Armas de la Crítica. Nessa batalha por ideias, atuamos em comum com companheiros e companheiras que não pertencem à nossa organização. Por exemplo, a partir da Assembleia de intelectuais socialistas, estamos impulsionando as Jornadas de debates Por um futuro comunista, que ocorrem neste mês de outubro.
Nossa luta se dá, também, no terreno midiático. Acabamos de lançar o La Izquierda Diario+, apostando em um canal de streaming que visibilize os principais debates de atualidade. Apostamos em “abrir o debate e tomar partido”, como destacamos em seu slogan. Como parte dessa iniciativa, desenvolvemos uma inovação que nenhum meio possui no país: lançamos o ChatPTS, uma ferramenta de Inteligência Artificial para a ampla e simples difusão das ideias socialistas.
Parte essencial dessa luta estratégica por uma nova força socialista são as lutas de companheiros e companheiras que ocupam cargos legislativos na Câmara dos Deputados, nas assembleias provinciais e nos conselhos deliberativos. Referentes como Myriam Bregman, Nicolás del Caño, Christian Castillo e Alejandro Vilca – entre muitos outros – contribuem para amplificar os combates cotidianos pelas ideias socialistas e revolucionárias.
Esses combates e essas forças configuram um ponto de apoio nodal para continuar avançando. Para dar passos na construção de uma força que reúna dezenas ou centenas de milhares de militantes. Uma força capaz de incidir, desenvolvendo a luta de classes; enfrentando as correntes políticas que tentam canalizá-la para novas frustrações eleitorais. Uma força que convide à luta decidida por revolucionar tudo.
Notas de Rodapé