Revista Casa Marx

A LIT-QI diante da queda de Al-Assad: mais um episódio de sua capitulação no Oriente Médio

Vitória Camargo

No último dia 8 de Dezembro, caiu o reacionário governo ditatorial de Bashar Al-Assad na Síria, após quase 25 anos no poder. Nesse novo capítulo da tensa e dinâmica situação política e militar no Oriente Médio, marcada por crises de hegemonia na região, a LIT-QI (organização internacional da qual faz parte o PSTU brasileiro) demonstra mais uma vez a falência de sua tese morenista semi-etapista da “revolução democrática”. Chama a derrubada de Al-Assad por facções islâmicas de “revolução democrática e popular” e, assim, se adapta mais uma vez ao campo burguês anti-Assad e a nada menos do que potências como Israel, Turquia e o próprio imperialismo dos Estados Unidos, que estão buscando capitalizar a queda desse governo em benefício próprio. A situação síria comprova que somente a classe trabalhadora em aliança com todos os povos e minorias oprimidos da região pode dirigir uma saída revolucionária.

O governo reacionário de Al-Assad se tratava de uma ditadura cujos mecanismos bonapartistas se ancoravam na repressão sistemática e na opressão de grupos religiosos e nacionais. Um inimigo claro da causa palestina, sendo responsável pelo massacre de Yarmouk (campo de refugiados palestinos na Síria) e pelos acordos de pacificação de fronteiras com o Estado sionista de Israel. Entretanto, os pontos de sustentação de seu governo vinham ruindo, com uma grande crise econômica, sintomas de desagregação estatal e profundo ódio popular. Al-Assad dependia fundamentalmente do apoio da Rússia e do Irã, que foram impactados pela escalada militarista no Oriente Médio e na Ucrânia. A queda de Assad se deu em meio a uma ofensiva de remodelamento do Oriente Médio, depois de mais de um ano de genocídio sionista na Faixa de Gaza. Netanyahu enxerga a queda de Assad como uma expressão de fraqueza do Hezbollah e do Irã, e aproveita a situação para ampliar seu domínio regional. Enquanto bombardeia várias regiões, ingressou em território sírio com tropas terrestres, deslocando tanques a partir das Colinas de Golã. Além disso, Netanyahu tem um novo aliado na vitória de Trump nos Estados Unidos.

Esse é o pano de fundo que explica o avanço relâmpago das milícias islâmicas do HTS (Hayat Tahrir al-Sham) na Síria. Essas milícias controlavam a província de Idlib com apoio do Exército Nacional Sírio, que é financiado pela Turquia e pelos Estados Unidos. Em apenas 10 dias terminaram em Damasco, sem enfrentar resistência do exército governamental, já fragilizado material e moralmente e após anos dos efeitos das sanções econômicas, fome e destruição do país, com guerra civil e intervenção estrangeira.

Como dissemos na declaração da FT sobre a Síria, a queda de al-Assad não pode ser entendida por fora de um cenário global turbulento, no contexto da crise da ordem mundial sob hegemonia norte-americana. A guerra na Ucrânia exacerbou o militarismo e os choques entre grandes potências. Dessa maneira, é fundamental observar o jogo de rivalidades entre essas potências e os impactos que isso gera nas forças em conflito, que atuam para disciplinar o movimento independente de massas através da coação e repressão, após a derrota da Primavera Árabe em 2011 e 2012.

Contudo, nas palavras da LIT“a ditadura de Al-Assad foi derrubada por uma revolução democrática e popular”, que combinou a ação militar das milícias formadas pelo HTS (Hayat Tahrir al-Sham) com um “levante popular no sul do país e na grande Damasco que retomou experiências de auto-organização desde o início da revolução”. É assim que a LIT denomina o conjunto heterogêneo de facções islâmicas e milícias, apoiado pela Turquia e liderado tanto pelo HTS (dissidência da filial síria da Al-Qaeda), quanto pelo Exército Nacional Sírio, que derrubou Al-Assad sem qualquer participação da classe trabalhadora ou do povo pobre.

Enquanto a LIT comemora a “revolução na Síria” e exalta “o compromisso da revolução com as liberdades democráticas”, a realidade é que as forças que derrubaram Al-Assad também são profundamente reacionárias. Nas palavras do intelectual libanês Gilbert Achcar, que, de maneira compreensível, festeja a libertação dos presos políticos nesse país, a queda de Al-Assad “não é uma revolução. Isso é o colapso de um regime que não foi substituído por nenhuma forma de organização democrático-popular. Portanto, desde uma perspectiva de esquerda, também deveríamos estar preocupados com o futuro”. Como dado concreto, o HTS administra a região de Idlib na Síria desde 2017 implementando execuções extrajudiciais, prisões arbitrárias e detenções ilegais de civis. Seu projeto estratégico é por um Estado capitalista teocrático na Síria. A própria declaração da LIT é obrigada a reconhecer que o HTS “começou a administrar a província de Idlib numa base capitalista, cooptando e/ou reprimindo outras forças, e sem eleições livres”. Mas não explica: como, então, esse seria o sujeito da “revolução democrática e popular” na Síria que a LIT comemora?

Mais do que isso, Al-Joulani, líder do HTS, disse que vai respeitar os acordos históricos da Síria assinados por Hafez el-Assad em 1974, pelo cessar-fogo nas Colinas de Golã, ocupadas na Guerra dos Seis Dias contra Israel e anexadas posteriormente. Na “revolução democrática” da LIT/PSTU, a submissão do país ao imperialismo e da população ao brutal regime capitalista sírio continuam. Como se não bastasse, em meio ao genocídio, Al-Joulani também afirmou que não permitirá que a Síria se torne uma plataforma de enfrentamento contra Israel, a cujo governo genocida pediu apoio. Isto é, o HTS deu uma importante sinalização para Israel, enquanto este se aproveita da queda de Al-Assad para buscar expandir seu domínio na região.

Diante disso, qual é a conclusão da LIT? Exigir dessa direção reacionária, de base burguesa, para que se pronuncie em solidariedade ao povo palestino. Desse modo, a LIT-QI assume a localização de grande conselheira do HTS para que tome medidas progressistas (ou, em sua visão, diretamente revolucionárias). Isso apenas comprova que, embora a LIT agite “nenhuma confiança no HTS” em sua declaração, na prática, toda sua análise da dinâmica supostamente “revolucionária” do processo, assim como a política proposta agora, está justamente a serviço de alimentar enormes ilusões nesse grupo reacionário, para que leve adiante as tarefas democráticas da “revolução”.

Mais um episódio que confirma o legado de capitulações da LIT no Oriente Médio e na Síria

Entretanto, essa posição não é uma novidade para essa corrente. Na Primavera Árabe, o maior processo de luta de classes do século XXI, marcada por processos revolucionários, desvios, guerras e contra revoluções, a falência estratégica e teórica das concepções da LIT estiveram em evidência e levaram a gigantescas capitulações históricas no Oriente Médio.

Como já debatemos em outros momentos, no Egito, agitaram uma “revolução democrática triunfante”, na qual a queda de Morsi teria sido produto da ação revolucionária das massas, ignorando o golpe do Exército e seus sócios civis. A LIT, então, denominou o golpe militar que levou Al-Sisi ao poder como “uma imensa vitória democrática de massas, que abriu caminho a um novo capítulo da revolução egípcia”. Mais do que isso, chegou ao ponto de aconselhar o exército sobre como reprimir a Irmandade Muçulmana, aliando-se às forças “liberais” do processo. Deveria ser elementar: uma coisa séria se as massas derrotassem Morsi, outra foi o golpe de Estado, com apoio do imperialismo, que a LIT comemorou. Então, uma vez mais, o que a LIT tem a dizer hoje, após uma década do governo autoritário de Al-Sisi no Egito, com cerca de 65 mil presos políticos e uso de tortura generalizada? Em qual capítulo da revolução egípcia estaríamos, após essa grande vitória democrática das massas? Já, na Líbia, festejaram a derrubada de Kadafi, diluídos no campo da OTAN e da intervenção imperialista na região.

Por sua vez, na Síria, o que estamos vendo agora é uma continuidade de sua trágica posição naquele momento. A LIT-QI tratou a reacionária guerra civil na Síria como se fosse uma mera continuidade da “revolução” e chamou ao apoio “incondicional” às forças rebeldes, opositoras a Al-Assad, além de pedir armas ao imperialismo. Para o marxismo revolucionário, a questão fundamental, quando se trata de guerras, é saber definir qual guerra se está enfrentando, o que diz respeito à dinâmica entre as classes em jogo e, vinculado a isso, a qual política é continuada pela via da guerra. Retomando Clausewitz, os marxistas revolucionários, como Lênin e Trótski, encaram a guerra como uma continuidade da política por outros meios.

Na dinâmica da luta de classes na Síria, até o final de 2011, primou o caráter de levante popular, mas, com a derrota dos chamados à greve geral e às mobilizações no início de 2012, afogadas em sangue por Al-Assad, o caráter do conflito mudou definitivamente – algo que a LIT foi incapaz de caracterizar. Estava em curso o desvio do levante sírio, que deu poder a movimentos reacionários e a seus patrocinadores estrangeiros. Na guerra civil, no campo opositor ao regime ditatorial de Al-Assad, diante de uma intervenção diluída das massas e mais ainda da classe trabalhadora, que foi minguando, primaram as facções burguesas e islamitas, marcadas também pelas disputas religiosas e nacionais. Já ali, a Turquia e o imperialismo norte-americano, em franca oposição ao regime apoiado pelo Irã, manifestaram seu apoio (direto e indireto) aos rebeldes, com financiamento dos Estados Unidos. Por isso, tratou-se de uma guerra reacionária, produto do desvio do processo.

Entretanto, para a LIT, as massas foram as grandes protagonistas do campo opositor da guerra civil, com essa corrente forçando, assim como faz hoje, a caracterização e a correlação de forças da situação à esquerda, para justificar sua política de apoio entusiasmado a qualquer campo que se oponha ao governo de turno – mesmo que seja burguês e, ainda pior, sustentado pelo principal imperialismo do mundo. Nessa guerra reacionária, enfrentando a ditadura sanguinária de Al-Assad, que buscava sufocar o levante de 2011, ganhou protagonismo o Exército Livre Sírio, ligado a setores do Conselho Nacional Sírio e aos Comitês de Coordenação Locais, dirigidos majoritariamente por setores burgueses e pequeno-burgueses, além das milícias ligadas a organizações islâmicas. São esses comitês que hoje novamente a LIT-QI sauda como “experiências de auto-organização da revolução síria”. Essas experiências nada têm a ver com “ações historicamente independentes das massas” ou elementos de “duplo poder” operário e popular – até porque essas direções nunca encamparam nenhuma medida vinculada aos anseios da população síria que fosse além da queda de Al-Assad.

Essas experiências não têm nenhum paralelo, por exemplo, com os shoras (conselhos) operários que surgiram da revolução iraniana de 1979, na qual, apesar da direção reacionária dos aiatolás, a classe trabalhadora entrou em cena com suas posições estratégicas, greve geral e sendo decisiva na derrota do Xá. Pelo contrário, os Comitês Locais na Síria sempre estiveram subordinados aos aparatos rebeldes de base burguesa e pequeno-burguesa. Assim, estamos falando de setores ligados ao imperialismo, à Turquia e às petromonarquias da região. Essa foi a política apoiada pela LIT na guerra civil e foi nesse marco que a LIT agitou com centralidade na Síria o pedido a armas ao imperialismo para os rebeldes, algo que em certa medida os Estados Unidos já tinham interesse em fazer… Era uma guerra civil de “aparatos” na qual os setores populares que tomaram parte o fizeram sem nenhuma política independente dessas direções burguesas e do imperialismo. Mas, evidentemente, o caráter das direções não importa, para a LIT.

O campismo da LIT-QI

A lógica por trás da política da LIT é se adaptar ao bloco que pinta ser “democrático”, mesmo que “enfeite” sua política com frases de delimitação com direções burguesas. Internacionalmente, subordina-se a diferentes interesses capitalistas e mesmo imperialistas em prol de uma visão que apaga a centralidade da luta de classes e da intervenção independente da classe trabalhadora. Vimos como isso se dá em relação a sua adaptação ao HTS na Síria, no momento atual. Mas não é somente a essa direção que a LIT se encontra adaptada, com a queda de Al-Assad.

Para a LIT, afinal, a “revolução Síria” serve de exemplo para outros povos do mundo árabe e fortalece a resistência palestina. Entretanto, essa questão é mais contraditória. Durante anos, a direção do Hamas teve sede em Damasco, rompendo com o regime na Primavera Árabe, por sua associação à Irmandade Muçulmana no Egito. Ainda assim, no último período, cumpria o papel de se vincular ao Hezbollah no Irã e a Gaza. Como se dará essa relação, depende dos interesses do regime. Ainda assim, se o regime de Al-Assad significou uma intensa perseguição aos refugiados palestinos, agora, na realidade, o Estado de Israel busca avançar em seu “quarto front” de guerra, na Síria. Quando Netanyahu vê na queda de Al-Assad uma possível oportunidade para seu projeto colonialista, estamos falando também dos interesses dos Estados Unidos e de imperialismos europeus na região. A Turquia também é uma das principais beneficiadas, buscando influenciar na reorganização regional e, com Erdogan, em seus interesses internos ao país. Há inclusive uma intensificação do ataque aos curdos, com saques nas cidades e casas incendiadas, comprovando que a aliança de direções curdas com os EUA não fortaleceu a luta por sua autodeterminação, estrategicamente.

Com isso, a posição da LIT-QI na Síria, saudando sua suposta revolução democrática com a queda de Al-Assad, se subordina a uma política que favorece, em certa medida, a orientação de Estados como Israel, Turquia e ao próprio imperialismo dos Estados Unidos, que estão buscando capitalizar essa situação. Além disso, vale ressaltar que, para a LIT-QI, a queda de Al-Assad “encoraja a resistência ucraniana na luta contra a agressão russa”, já que a Rússia perde um aliado. Trata-se de mais uma mostra do campismo dessa corrente, que, no caso da reacionária guerra na Ucrânia, alinha-se ao campo da OTAN e ao exército de Zelensky, comemorando tudo o que enfraqueça a Rússia. Nesse conflito, o imperialismo dos EUA e europeu atuam por procuração, defendendo seus interesses na região – obviamente a anos-luz distantes de qualquer aspiração “anti-imperialista” na Ucrânia. E é com essa política que a LIT se alinha.

Uma vez mais: a “etapa” democrática da revolução?

O que leva a LIT a tantas capitulações? A LIT conclui sua declaração sobre a Síria chamando “uma nova onda de revoluções” no mundo árabe, porque, segundo essa corrente, “a situação no Oriente Médio exige que cada avanço seja seguido de outro”Em nota assinada por Fábio Bosco, o PSTU brasileiro sustenta: “Uma posição revolucionária começa pelo reconhecimento da vitória das massas que está representada pela queda da ditadura. Mas ela só se completa com uma política de independência de classe e com a luta pelo poder operário e pelo socialismo”. Está claro, mais uma vez, que, para a LIT, a queda de Al-Assad, como uma revolução democrática triunfante, expressa uma “primeira etapa” da revolução, na qual uma política de independência de classe não tem importância.

A chave interpretativa desse processo está nas teses de Nahuel Moreno. Em Moreno, as transições democráticas coordenadas e apoiadas pelo imperialismo a partir da década de 80 na América Latina foram “revoluções democráticas” (a nível de “governo”). É assim que essa corrente denomina os desvios de enormes processos de massas que a burguesia e seus agentes no interior da classe operária conseguiram canalizar em vários países da América Latina, em prol da construção de novos regimes políticos burgueses, abortando a possibilidade de revoluções operárias. Essa é a origem da cisão entre o momento “democrático” e o momento “socialista” das revoluções, que restaura uma tese semi-etapista, similar aos mencheviques na Rússia, e que o PSTU busca radicalizar para quase todo e qualquer processo que derrube governos e regimes de turno, como se fossem revoluções de fevereiro “inconscientemente socialistas” – lembremos do golpe institucional no Brasil, no qual a Operação Lava Jato, apoiada pelo imperialismo, seria agente de aspiração progressista de derrubada da Dilma, para o PSTU…

Assim, o papel dos revolucionários, em uma primeira etapa, não seria nada mais do que apoiar direções burguesas de todo tipo, independentemente de quem se fortaleça com esses processos, e com um “programa mínimo”. Enquanto isso, a Teoria da Revolução Permanente de Trótski não tem nada a ver com uma ideia de que, cumpridas tarefas democráticas (sic), “precisam vir novas revoluções”, como expressa o PSTU no Oriente Médio. Pelo contrário, sua visão basilar é de que, na época imperialista, somente a classe trabalhadora, em aliança com o campo e os povos oprimidos, pode levar adiante as tarefas democráticas, empurrando-as para um desenlace socialista.

Essa conclusão não é um detalhe porque toda a situação atual no Oriente Médio reforça, pela negativa, essas lições. Um suposta “segunda etapa da revolução”, para a LIT, teria como tarefa expulsar as forças estrangeiras da região, como o imperialismo norte-americano, em suas próprias palavras. Entretanto, na época imperialista, a questão nacional é certamente uma das questões democráticas mais elementares. Como é possível que uma revolução democrática triunfante tenha se dado sem completar essa tarefa? Pelo contrário, podendo fortalecer potências estrangeiras e o imperialismo, que atua permanentemente para fortalecer seu saque das riquezas da região. Como é possível que aqueles que levam fome, guerras e alimentam as divisões étnico-religiosas, como no caso do povo curdo, há mais de um século no Oriente Médio sejam beneficiados por uma suposta revolução democrática na Síria? Ou que seu fortalecimento seja um “avanço”, para a LIT? São os mesmos que, em seus países, perseguem os imigrantes e refugiados árabes, além de qualquer setor que se coloque em luta pela causa palestina. Como é possível que aqueles que financiam o maior genocídio do nosso século, há mais de um ano, sejam aliados na luta contra uma ditadura?

Mais uma vez, o semi-etapismo de sua teoria está na contramão de qualquer estratégia revolucionária. A experiência viva da luta de classes, dos processos revolucionários, dos desvios, da guerra civil, das contra revoluções e do genocídio no Oriente Médio confirmam pela negativa a necessidade de que a classe operária entre em cena com seu programa, com seus organismos de auto-organização e que sua independência política não é um detalhe “para depois”, e sim uma necessidade sem a qual seus interesses vão estar subordinados a burguesias reacionárias e a diferentes potências estrangeiras. Sem isso, a realidade prenuncia novas guerras reacionárias, mais genocídio e mais fome e sofrimento para as massas árabes.

Como escrevemos em nossa declaração, por nossa parte, como Fração Trotskista-Quarta Internacional, mantivemos uma posição internacionalista, anti-imperialista e de independência de classe diante dos principais acontecimentos da situação mundial. Repudiamos todas as agressões imperialistas na região, como as sanções ou os ataques realizados por Israel (com aval dos EUA) contra o Irã, Líbano e agora na Síria, alegando um suposto “direito à defesa”. Lutamos contra o enclave sionista do Estado de Israel e pela expulsão do imperialismo do Oriente Médio. Mas fazemos isso sem depositar o menor apoio político às burguesias da região nem aos regimes reacionários aliados do Irã, como fazem correntes reformistas e stalinistas.

À medida que crescem as tendências à guerra e as crises dos regimes, apenas a luta da classe trabalhadora, junto ao campesinato, às mulheres e à juventude, pode abrir uma saída progressista no Oriente Médio. Hoje, mais do que nunca, defendemos o direito dos refugiados sírios de decidir se querem retornar à Síria ou permanecer na Europa, com plenos direitos trabalhistas e sociais. Não às deportações! Reivindicamos a necessidade de seguir desenvolvendo o movimento de solidariedade e a luta para acabar com o genocídio na Palestina, pelo desmantelamento do Estado de Israel e por uma Palestina operária e socialista. E declaramos: Fora as mãos do imperialismo, Israel e Turquia da Síria, assim como Rússia! Pelo direito à autodeterminação do povo curdo. A luta pelo pão, pela liberdade e pelo fim da guerra está ligada à luta contra o imperialismo e as burguesias locais reacionárias. Portanto, é uma luta por governos de trabalhadores, baseados na democracia da classe trabalhadora e do povo pobre, e por uma Federação de Repúblicas Socialistas na região.

Essas são as tarefas que concretizam a atualidade do marxismo revolucionário, portanto, do trotskismo e de sua Teoria da Revolução Permanente para nossa época.

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